sábado, 24 de outubro de 2009

A Banda CASACA na Visão da Mídia Imprensa

Para saber como os dois jornais do Estado, A Gazeta e A Tribuna, tratam o universo do congo foi elaborado um questionário :

Entrevista José Roberto Neves (Jornal A Gazeta)
1 - Existe uma linha editorial que você deve seguir ao escrever sobre a Banda Casaca?
R: A única linha editorial a ser seguida na cobertura da banda Casaca é a mesma que norteia os padrões do bom jornalismo, ou seja: isenção, informação precisa, ética e apuração correta. Não deve existir, em cadernos culturais, sob hipótese nenhuma, tratamento diferenciado para os artistas que estão em atividade no Espírito Santo, no Brasil ou no exterior. Isto significa que as preferências pessoais de cada repórter devem ser deixadas de lado no momento da redação de uma matéria.

2 - Descreva como você observa a trajetória da Banda?
R: O Casaca teve uma trajetória meteórica, fato que a difere das demais bandas em atividade no Estado. O grupo conta com um fator bem particular a seu favor: sua divulgação surgiu das ruas, ao contrário de outros artistas que se utilizam de influência política para captar apoio de órgãos oficiais - leia-se secretarias de cultura e prefeituras. A imprensa capixaba teve de correr atrás do sucesso do Casaca, e não o contrário. Uma das primeiras matérias de A GAZETA sobre a banda, no segundo semestre de 2000, durante a entrega do Troféu Guananira, já destacava que a sua utilização dos elementos do congo era mais enraizada do que a do próprio Manimal, o detentor do rótulo 'rockongo'. O show de lançamento do primeiro CD do Casaca, realizado em maio de 2001, levou um público de 10 mil pessoas à Barra do Jucu. São números surpreendentes para uma banda que, até então, tinha pouco mais de um ano de estrada.

3 - Você notou alguma diferença na Banda antes e depois do contrato com a Sony?
R:Sim. A gravadora eliminou do CD as músicas que tinham como marca o regionalismo da Barra do Jucu. Também deixou de fora músicas mais pesadas, como 'Camarada' e 'Leva um Picolé'. Abaixou o volume dos tambores de congo, tirou a distorção das guitarras e inseriu programações eletrônicas em duas faixas do CD. Ou seja, descaracterizou o som do Casaca e tirou dele o que havia de mais espontâneo, que era a percussão rudimentar, tosca e primitiva,acompanhada de letras sobre a realidade da Barra do Jucu''. Ao que tudo indica, a Sony pretende transformar o Casaca numa espécie de Skank capixaba, o que é lamentável, uma vez que o trabalho da banda é original e baseia-se na célula rítmica do congo. Falta-lhe embasamento intelectual sobre o congo, é verdade, mas este deveria vir através de um contato mais estreito com a Comissão Espírito-Santense de Folclore, que, ao invés de criticar a banda, deveria abastecê-la de informações.

4 - A abordagem dada à Banda mudou, depois do contrato com a Sony?
R: Não. Continuamos seguindo os princípios básicos do jornalismo. Basta ler a crítica de A GAZETA sobre o CD, que aponta todas as falhas resultantes da estratégia da Sony de popularização do Casaca em nível nacional. Já o jornal concorrente, preferiu incensar a banda, repetindo um hábito muito comum na imprensa capixaba: o de confundir cobertura com ufanismo. As críticas, quando embasadas, devem obrigatoriamente ser feitas, independentemente das condições políticas e de baixa auto-estima pela qual passam o Estado e o cidadão capixaba.

5 - Como você avaliaria esse novo trabalho, agora lançado por uma gravadora multinacional?
R: As avaliações foram citadas na terceira questão.
Entrevista Rose Frizzera (Jornal A Tribuna)
1 - Existe uma linha editorial que você deve seguir ao escrever sobre a Banda Casaca?
R: A linha editorial é valorizar o que está sendo reconhecido pelo público. Ou seja, não cabe a nós levantar a bola de uma banda ou joga- la no ostracismo. Nós, apenas, repercutimos o que a rua consagra ou releva. Claro que podemos fazer isso com opinião, mostrando sempre os lados envolvidos, as circunstâncias em que isso está ocorrendo. A linha editorial sobre a cobertura do Casaca, especificamente, foi repercutir que pela primeira vez uma banda capixaba, que não tinha contado com o apoio oficial de nenhuma secretaria de cultura (como ocorreu com outras bandas como Manimal, Kátia Rocha) ganhou as ruas, o público, através de seu trabalho, que pode ser questionado ou não: letras fáceis, melodias contagiantes, bem ao gosto do público jovem. A moral disso tudo vem de uma frase de outra banda capixaba, o Pé do Lixo: "Faça você mesmo e pare de chorar". Isso é fato.
2 - Descreva como você observa a trajetória da Banda?
R: Eu escrevo sobre a Banda desde que ela surgiu. Ou seja desde antes dela surgir, quando a maioria de seus integrantes ainda faziam parte do kalangocongo, que não tinha a originalidade nem o punch que o Casaca atingiu. Cubro cultura capixaba desde que estava na Gazeta. Faço jornalismo cultural desde 1995. Acompanhei a ascensão das bandas atuais e fiz uma matéria decisiva que explica tudo que acontece hoje, chamada Radiografia do Rock capixaba, que foi publicada no Caderno Dois de A Gazeta em fevereiro de 97.
3 - Você notou alguma diferença na Banda antes e depois do contrato com a Sony?
R: Sim. Acho que a banda está mais presa ao dar entrevistas, não sei se isso vai repercutir ou não na originalidade do trabalho deles. Ainda é cedo para chegarmos a tais conclusões, embora a gente já sinta um certo nervosismo dos integrantes ao darem entrevista sobre o novo CD. Acho que é compreensível. Até um ano atrás eles estavam lançando um Cd tosco, gravado de forma quase caseira, que ganhou as ruas, o público, a crítica e uma gravadora. É mais do que quase toda a história da música capixaba atingiu.
4 - A abordagem dada à Banda mudou, depois do contrato com a Sony?
R: Claro. Isso é natural. Agora estamos de olho se o Casaca vai ganhar o país, ou seja. a gente volta a tudo que já aconteceu antes com outras bandas: Os símios assinaram com uma gravadora e não houve o investimento que deveria ter sido feito. O Manimal teve o primeiro Cd distribuído por pela DC7 e produzido pelo Carlos Savala e foi uma roubada. Estamos cobrindo o casaca e torcendo por ela, mas não vamos poder deixar de falar sobre o que realmente tiver ocorrendo com a banda. Se ela for um sucesso vamos falar que ela chegou lá e se não for vamos ter que falar que não ocorreu o que a gravadora, a gente esperava. Mas, particularmente, acredito que ela tenha tudo para estourar para o Brasil.

5 - Como você avaliaria esse novo trabalho, agora lançado por uma gravadora multinacional?
R: A minha crítica sobre o Cd foi menos incisiva que a do Zé Roberto. Eu gostei do CD. Acho que as letras ficaram mais nítidas, fruto da melhora na gravação. A gente tem que parar também de querer ser bom jornalista sempre sendo muito crítico. Nas ruas de Alegre, durante o festival, só tocava "Noite Fria", deste novo CD e na Feira de Jardim da Penha já tem pilhas e mais pilhas de CDs piratas da banda. Vai perguntar para o ambulante se ele tem Cd pirata de outras bandas capixabas? Eu perguntei e a resposta foi não. Não sou eu quem estou dizendo. Eu ouço as pessoas e reporto. Essa é minha função. É isso que vai me dar uma certa imparcialidade. Se você ler a minha cobertura do Dia D do ano passado, está lá que o casaca reuniu o maior público na frente do palco, de todos os shows. na época, o empresário do Manimal me ligou dizendo que o que tinha atraído o maior público era o Manimal, o empresário do Pé do Lixo também me ligou dizendo o mesmo e eu disse: gente, torço para todos, mas eu estava lá no meio de todos os shows, sentindo o público e estou tranqüila de que não puxei o saco de ninguém, só disse o que realmente ocorreu. E a resposta está aí.
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